quinta-feira, fevereiro 27, 2020

Evangelho no trabalho I


Este foi um estudo feito na igreja Baptista da Horta sobre Teologia do trabalho. O que vou tentar fazer é editar o texto para que possa ser toleravelmente lido e, ocasionalmente, Hei-de ir publicando capítulo a capítulo.
A Bibliografia usada é pouca. Para além da Bíblia, resume-se a dois outros livros: “Como integrar fé e trabalho”, Tim Keller e “O Evangelho no trabalho” Greg Gilbert e Sebastien Traeger”.
Este não é um documento académico, por isso, não tenho preocupação de respeitar qualquer tipo de regra para esse tipo de trabalho. No entanto, por uma questão de seriedade, tentarei mencionar sempre que cito as fontes das quais eu o faço.
A razão para ter feito este estudo foi pastoral. Percebi que muitos dos nossos irmãos sinceros e verdadeiramente comprometidos com o Senhor lutavam com este tema. Muitos não sabiam como agir num meio laboral repleto de pessoas que não conhecem o Senhor.
Será que devemos partir, ativamente para falar do Evangelho, denunciar as injustiças? Será que devemos ser “ultra espirituais” e levar a Bíblia para o trabalho, ou oferecer folhetos todos os dias aos nossos colegas? Será que este trabalho é algo em que deva investir? Será que trabalhar com descrentes, a não ser para os salvar, tem alguma utilidade ou é algum tipo de ministério? Será que trabalhar “na igreja” é superior a trabalhar no meu emprego?
Estas eram algumas das questões que ouvi e que tentei responder. Para muitos, o trabalho é um autentico sacrifício. É difícil ser-se uma testemunha de Cristo num ambiente em que a maioria odeia a Cristo.
No entanto, creio que, mesmo não tendo conseguido responder a todas as questões, este estudo serviu para cultivarmos uma visão teologicamente mais sã em relação ao trabalho, e consequentemente, termos um relacionamento com a nossa semana, diferente.
Sessão 1
O valor intrínseco do trabalho
Estaremos a estudar, nestas quatro semanas, a mente de Deus em relação ao trabalho. O que é que Deus pensa, mas também como é que nós devemos pensar em relação ao trabalho que temos.
Todos nós sabemos que existem trabalhos mais agradáveis do que outros. Existem trabalho de sonho. Não só pela descrição das funções que englobam esse trabalho, mas porque em muitos casos, conseguimos trabalhar na carreira que sempre sonhámos. Isso é privilégio nos nossos dias.
No entanto, nem todos temos a carreira com que sonhámos, nem todos fazemos o que gostaríamos de fazer e em muitos casos o trabalho, por causa disso, é visto como apenas uma forma de conseguir algum sustento. Um mal menor, a “nossa cruz”.
Este estudo não tem a finalidade de eliminar as dificuldades que temos no trabalho. Há dificuldades inerentes ao que fazemos que nunca mudarão. Há relacionamentos com pessoas que nunca ficarão sanados, porque a cura não depende de nós. No entanto, creio que se mudarmos a nossa mente, pelo menos poderemos lidar com essas dificuldades de forma diferente.
O segredo está em percebermos de que forma Deus pensa em relação ao trabalho. Depois de percebermos o propósito de Deus para o trabalho, os nossos colegas vão continuar a ser difíceis, as tarefas enfadonhas, e os problemas continuarão iguais, mas a nossa visão mudará. Afinal de contas, só podemos mudar o que pertence à nossa vida, e mesmo em relação a isso, só a Graça de Deus nos pode valer.
O que nos propomos, então, é que depois deste estudo possamos ter uma nova forma de olhar para o nosso trabalho. A transformação tem de acontecer em nós, não nas circunstâncias.
O trabalho não é castigo da queda
Génesis 2
É sempre importante definir alguns termos para que possamos caminhar no mesmo sentido quando falamos das coisas. Assim quando disser algo, todos vão perceber, pelo menos, aproximadamente, o que estou a tentar dizer.
O que significa ministério?
Ministério é uma palavra que vem do latim, e que significa servir. É certo que hoje quando ouvimos essa palavra, pensamos no governo, com os seus ministros. A nossa mente corre logo para uma compreensão nobre da palavra. Aqui uso nobre significando algo elevado, importante que não serve os outros, mas é servido.
Falamos também, no contexto religioso dos “ministros da Palavra”. Que em muitos casos são autenticas “super-estrelas”, com a sua agenda repleta de palestras, recebendo “cashiers” elevados e com direitos de luxo onde quer que vão.
O significado de ministro é o oposto destes dois exemplos. Ministro significa servo, mais especificamente, escravo.
Quando falamos em ministério estamos a falar de serviço, qualquer tipo de serviço, não só o pastoral. Se quisermos destacar o trabalho pastoral diremos “ministério pastoral”.
Será que podemos fazer uma diferenciação entre trabalho cristão e trabalho secular?
A tese que vou tentar demonstrar aqui é que não. Eu creio que Cristo vem salvar a vida completa do homem. Creio que a conversão não é apenas uma alteração de horário de fim-de-semana, nem uma mudança de comportamento exterioro, é uma mudança de coração.
Ou seja, o cristão vive completamente para a glória de Deus. Todos os dias, a toda a hora em todo o trabalho. Evidentemente que ninguém consegue viver assim, porque ainda lutamos com o nosso pecado e a nossa natureza, mas o alvo é esse e a graça de Deus trabalha em nós para esse fim.
Isto quer dizer que sirvo a Deus quer seja sapateiro, médico, professor, domestico ou pastor.
Não estou a querer dizer que não hajam atividades mais importantes do que outras ou mais centrais, como por exemplo pregar a Palavra de Deus, ou dar testemunho do Evangelho. Estou a dizer que tudo o que o cristão faz é serviço a Deus e deve ser feito para a Sua glória.
Que esferas têm?
Finalmente, é importante esclarecer que, apesar de toda a obra que fazemos ser serviço a Deus, a esfera da vida eclesiástica é central e influenciadora da esfera do trabalho secular. Ou seja, a igreja é o instrumento princpal que Deus usa para edificar os seus filhos ao crescimento espiritual para que O possam servir nas outras esferas de trabalho e que estão envolvidos.
No entanto, vou afirmar mutas vezes que o nosso pecado é em desvalorizar a importância do trabalho diário como não sendo “santo” e uma ênfase no ativismo eclesiástico como sendo trabalho “santo”.
Veremos que isso resulta em uma das duas grandes doenças que temos em relação ao trabalho: Idolatria ou indolência.



quarta-feira, janeiro 29, 2020

The masculine Mandate, Richard D. Phillips


Richard D. Phillips vai contra a corrente na visão do papel do homem ao que a sociedade prega.
O homem deve sentir-se bem, experimentar coisas novas e ser feliz, é isto que nos é ensinado pela nossa geração. Por outro lado, o homem ainda é tido como aquele que nada sente, que não se importa com o outro, que é um duro na vida.
No entanto, usando como base Bíblica o relato da criação em Génesis, percebemos que a intenção de Deus ao criar o homem foi bem diferente.
Antes de mais, o homem foi criado para viver num jardim, e para viver acompanhado por uma ajudadora idónea. Por isso, o homem foi criado para viver dentro de limites e para ser social.
O que marca mais o papel do homem no mundo, no entanto, são outros dois aspetos. A verdade é que o jardim Éden desapareceu, logo os limites geográficos do homem já não são aqueles, e parte do castigo de Deus por causa da queda foi a corrupção do relacionamento entre os sexos, sende necessário uma restauração no coração do homem e da mulher.
O homem ao ser criado tinha duas tarefas, cuidar do jardim e proteger o jardim. É com base nesta premissa que todo o mandato do homem é afetado.
Em todas as áreas da vida do homem podemos ver que o homem é chamado a cuidar, e a proteger. Por outra lado, quando não o faz está a desviar-se do propósito de Deus e, consequentemente, a pecar.
O homem é chamado para cuidar dos que Deus colocou ao pé de si. Cuidar significa promover crescimento, ser instrumento para aperfeiçoamento, embelezar, ajudar a amadurecer. É este o tipo de amor que o homem é chamado a ter pela sua esposa.
O homem é chamado para proteger o que Deus colocou sob seu cuidado. Proteger significa pagar o preço, caminhar a milha extra por aqueles que estão connosco.
De facto, o problema de hoje em dia é que muitos homens nem pensam nisto. Fazem a sua vida da forma mais egoísta possível e em muitos casos de forma infantil.
O resultado é uma sociedade que recorre com todo o afã ao feminismo, uma família perdida, pais ausentes, filhos insubmissos, etc.
Ou seja, o homem irresponsável não faz mal só a si, mas a toda uma sociedade.

quarta-feira, agosto 14, 2019

Aconselhamento pastoral

Acabei de ler mais um livro, "O pastor e o aconselhamento" de Jeremy Pierre e Deepak Reju.
Para além do nome do segundo autor fazer-me sempre lembrar Tupack Shakur (nem sei se é assim que escreve), este foi um livro bastante útil, tal como o anterior de Jonathan Leeman.
O aconselhamento é grande fatia do trabalho pastoral. É um trabalho lento, gradual, sem sucesso garantido, mas imprescindível.
A tese dos autores é que os pastores foram chamados para cuidar de pessoas e aconselhar é cuidar de pessoas.
O objetivo do aconselhamento Bíblico é levar a pessoa a reconhecer Deus e a Sua obra na sua vida. Visamos que aquele que está em dificuldade conheça melhor a Deus, dependa dEle e seja curado por Ele.
Este é um livro muito prático com instruções diretas em todas as fases do aconselhamento.
Nem sempre teremos sucesso nesta caminhada. Não temos sucesso por defeito nosso, por falta de determinação do outro, por falta de confiança no pastor, etc. Ninguém pode obrigar outro a ser aconselhado, ninguém pode obrigar o outro a fazer determinadas tarefas e 80% do trabalho neste processo deve ser feito pelo aconselhado em vez de pelo aconselhador.
Este ministério é provavelmente dos que mais desgastam as vidas dos pastores. É tão fácil entrarmos nos problemas dos outros, desanimarmos com a falta de resultados, perdermo-nos nos encontros e na frequente manipulação de muitos pacientes. A solução de alguns pastores é negligenciar este trabalho. Ao fazermos isto, estamos a negligenciar o chamado que Deus nos fez e ao próprio Corpo de Cristo.
Por outro lado, devemos pedir continuamente ao Senhor por discernimento para saber até onde podemos ir. Devemos ter a capacidade para saber quando parar o aconselhamento.
Paramos o aconselhamentopor várias razões: Por estar resolvido o problema, por falta de resultados, por estarmos perante um problema que sai da nossa capacidade (geralmente problemas do foro médico ou psíquico), etc. Mas é importante dizer que parar o aconselhamento não significa abandonar a pessoa. É importante, como pastores, se estamos a tratar de um membro da igreja que pastoreamos, mantermos um acompanhamento regular, amoroso e discipulador.
Depois de ler este livro percebi a quantidade enorme de erros de abordagem, e de organização que tenho cometido no aconselhamento que tenho prestado. Percebo que é um ministério em que tenho a crescer muito. Peço a orientação do Senhor para que me possa capacitar.

segunda-feira, agosto 12, 2019

Igreja

Acabei de ler o livro de Jonathan Leeman, "A Igreja e a surpreendente ofensa do amor de Deus". É um livro denso, com letras pequenas e um número de páginas acima da média. Também é um dos melhores livros que já li acerca da Igreja. Eclesiologia aqui é tratada como a vida da igreja local. Sejamos diretos e claros, a igreja global será vivida apenas na glória.
Por vezes sinto que colocamos o "carro à frente dos bois", neste assunto. É muito conveniente (a ênfase na igreja global e não na local) porque, para além de parecer muito espiritual, torna-se o alibi perfeito para não valorizarmos "esta visão tão legalista e mundana que é a igreja local…", "somos superiores a isso", pensamos (embora nunca o digamos…).

Eclesiologia é daqueles assuntos da teologia em que, todos nós temos uma opinião. Todos sabemos quem deve mandar, como devem ser as reuniões, como devemos viver, como deve ser um pastor, quem tem autoridade, se há autoridade sequer, etc.
Por isso, falar acerca a igreja local é como entrar num ninho de vespas, em que cada um tem o seu ferrão, e cada uma pensa da sua maneira. Por outro lado, a realidade é que a visão de igreja local tem sido tão diluída e confundida com uma visão consumista e individualista que, em muitos casos, só podemos assumir humildemente que, temos perdido o foco do que a Palavra de Deus tem como propósito para a Igreja de Jesus Cristo.

A forma como entendemos o amor no nosso mundo é central para a Igreja. Culturalmente, o amor justifica tudo, tolera tudo e não julga. Aliás, se eu julgo ou rejeito alguma coisa, já não amo.
No entanto, o amor de Deus e o amor que a igreja é chamada a viver não tolera e muitas vezes, julga. O amor de Deus visa a Sua glória, logo, tudo o que rejeite a sua glória é rejeitado pelo Seu amor.
A igreja é chamada a amar desta forma, o alvo maior do amor é dar o melhor ao outro, e o melhor é Deus. O amor de Deus colocado nos nossos corações, volta para Deus com adoração e glória. Deus não nos ama por nós mesmos, mas ama-nos para Sua Glória.

É este conceito que traz sentido à vida da Igreja, à importância da membresia e da disciplina.
A membresia, apesar muito criticada por muitos pensadores evangélicos, é extremamente importante. Basta dizer isto, se não há membresia, a Igreja é tudo e a Igreja é nada. Se querem saber mais leiam o livro (ele explica muito melhor do que eu)...
A disciplina, ainda mais rejeitada, é um ato de amor. A igreja que ama a Deus e ama o seu irmão, disciplina para que a Glória de Deus seja recuperada na vida daquele que A tem rejeitado.
A membresia e a disciplina entram em harmonia quanto alguém vive em pecado não arrependido e a Igreja percebe que a pessoa não tem o Espírito de Deus, logo, não é Igreja, logo é excluída.

A grande notícia que a igreja tem que abraçar é que ela foi criada por Jesus, e foi-lhe dada autoridade para julgar, decidir e ser representante de Jesus na terra. Aliás, só a igreja tem esta autoridade dada por Deus na terra.
O que faz com que a vida cristã só pode ser vivida na comunhão com a igreja. Só a igreja tem a autoridade para confirmar os sinais da salvação (que não é o mesmo que dizer que a igreja salva… não é isto que estou a dizer.), só a igreja tem a autoridade e a capacidade para admoestar, encorajar, ensinar, sujeitar o cristão a vivar em obediência à Palavra de Deus.

Finalmente, Leeman fala de aspetos práticos. Não posso esperar que os membros vivam de acordo com o Evangelho ou de acordo com o que é esperado deles se não lhes informarmos, amorosamente como devemos viver. Este livro ajudou-me a perceber a importância de algo que eu não valorizava tanto que é a organização dos registos. O rol de membros, um documento que defina os termos da nossa aliança de membresia, uma declaração de missão, uma declaração de fé, são tudo documentos extra-bíblicos que nos ajudam a amar e a orientar os membros da Igreja a viver com Igreja.

Amo mais a Igreja hoje do que quando comecei a ler este livro.

quinta-feira, julho 11, 2019

Depressão e Graça, Wilson Porte Jr.

A questão moderna das doenças de alma como alvos de tratamento pastoral ou não, é parte do que Porte Jr. trata neste livro.
Ouço, com muita frequência, vozes crítica a um aconselhamento pastoral, ou tratamento espiritual de assuntos como doenças do foro psíquico. “O pastor deve ficar no seu lugar e deixar os psicólogos tratar dos seus”.
Concordo em tese com esta afirmação. O problema reside no que delineamos como os problemas referentes aos pastoes e os problemas referentes aos psicólogos. Concordo que tal como uma pessoa que tem uma gripe, precisa de se tratar medicinalmente, uma pessoa com uma doença do foro psíquico, deve ser tratada nessa área.
O que muitas vezes observo é exatamente o contrário. Os psicólogos tentam administrar tratamento em assuntos que não lhes dizem respeito. Coloca-se toda a “doença de alma” no mesmo “saco” e pressupõe-se que toda ela deve ser tratada psicologicamente.
Quando a disfunção é física e mental, assim deve ser tratada, mas também tem que se ter em conta que muita doença “mental” é, no fundo espiritual. Qualquer tratamento, meramente psicológico será apenas um paliativo, que mascara ou encobre um problema que ficará sempre por curar.
Creio que teremos que crescer, em ambos os sectores, psicologia e pastorado, em sensibilidade para perceber com mais rigor o que é o quê.
Ambos são de extrema importância, mas ambos são tremendamente destrutivos quando invadem o campo de ação do outro.

Dito de oura forma, é extremamente importante que uma pessoa que sofra de depressão seja tratada por médicos, ou profissionais da área, no entanto, nunca devemos escamotear que há muita dieça que é resultado de pecado, e que arrependimento e oração são primordiais nestes casos.
Para além destes pormenores, há palavra de esperança para todos os que são filhos de Deus.
Deus está sempre connosco. É impressionante como o sentimento de solidão é uma constante na depressão. Mesmo nesse fase aguda, temos que nunca esquecer que Deus está sempre presente.
Deus cuida de nós. Somos criados por Deus, Deus conhece todo o nosso interior, Deus sabe o que o nosso mais íntimo necessita. O resultado é que Deus te o que verdadeiramente precisamos. Ele cuida da nossa alma da forma mais profunda possível.
Nãoo temo em nós capacidade suficiente para ultrapassarmos sozinhos a depressão. Aliás este é o fator que vai definir se Deus vai cuidar de nós ou se nós iremos tentar vencer com a nossa força. Aquele que é filho de Deus tem sempre maior fonte de poder, amor e sabedoria à distancia de uma oração. Num mundo ideal, o cristão nunca entraria em pânico. O pânico impede-os de desfrutarmos da ação de Deus na nossa vida.
A Bíblia está releta de casos de servos de Deus que revelaram sintomas e sinais de grande tristeza e depressão. Em todos eles Deus agiu cuidando, em parte deles a solução passava por tratamento físico, em outra parte por arrependimento, oração e comunhão com Deus.
O que quero dizer com isto é que Deus é imprescindível para a verdadeira cura de todas ass depressões, no entanto, muitasa delas requerem tratamento médico.
A boa notícia é que a presença de Deus que o discípulos, no ministério de Jesus sentiram, é exatamente a presença que sentimos hoje. O Espírito, Consolador, vem enviado por Jesus, e em substituição equiparada a Jesus, porque trata-se do Espírito do próprio Cristo.
Outra boa notíccia de graça é que a mensagem e as Palavras que nos devem animar e restaurar, continuam em ação nos nossos dias. Aliás, é para isso mesmo que o Espírito Santo vem às nossas vidas. Para nos lembrar das Palavras de Cristo.
A conclusão a que chegamos é que se existe alguma falha no que diz respeito à cura divina, tem a ver com uma falha nossa de não buscarmos a Deus como deveríamos, e não de Deus não agir como prometeu na Sua Palavra.

sábado, julho 06, 2019

Esta minha mania de ler vários livros e tentar integrá-los numa conclusão apenas…


Somos pessoas imperfeitas, pais imperfeitos, pastores imperfeitos, trabalhadores imperfeitos.

Esta é a clara convicção com que fico depois de ler três livros juntos. Um acerca de ministério pastoral, outro acerca de criação de filhos e outro acerca de teologia do trabalho. A saber, “Pastor Imperfeito”, Zack Eswine; “O Evangelho no Trabalho”, Sebastian Traeger & Greg Gilbert; “Pastoreando o Coração da Criança”, Ted Tripp.

Nada do que temos é um fim em si mesmo, aliás, tudo o que temos, apenas ganha significado se percebermos que acima de tudo está Deus. Deus é o nosso patrão no trabalho, Deus é aquele que apontamos para que os nossos filhos conheçam e amem e no ministério pastoral procuramos caminhar à velocidade de Deus, morrendo cada dia para que seja Deus a fazer o que tem de ser feito.

A grande tentação nestas áreas é a de vivermos centrados em nós. Trabalhar em função da carreira idolatrando-a ou sendo indulgente, educar filhos para manipular o comportamento a fim de sermos louvados ou pastorear para a grandeza e para o louvor dos homens.

A educação é um trabalho lento, contínuo, invisível e muito trabalhoso. O nosso alvo é atingir o coração da criança, não apenas condicionar o seu comportamento. O ministério pastoral sofre da grande tentação da impaciência, da busca desenfreada por uma agenda preenchida e por “fazer grandes coisas para Deus”. No entanto, é no silêncio, junto dos que ninguém conhece, fazendo um trabalho de contemplação, esperando pela ação de Deus que se move o pastor. Pode ser que Deus faça algo grandioso até aos nossos olhos, aí acompanhemo-lo. Mas a grande lição é que o pastor não foi chamado para buscar e viver em função de coisas rápidas e grandes. Ele é chamado para cuidar de pessoas nos lugares onde mais precisam.

O pastor não pode estar em todo o lugar, não consegue curar todas doenças e não consegue lutar todas as batalhas.

O trabalho “secular” (com secular refiro-me ao que todos nós entendemos, erradamente, como trabalhos que não são religiosos), é ministério. Não menos que o pastoral ou o missionário. O trabalho é santo, é mandamento de Deus para dominar a terra.

O filho de Deus não faz separação entre secular e pagão. Deus é o Senhor de tudo. Logo, servindo com os olhos postos no grande Senhor, todos somos ministros de Deus.

Sendo pastor, sendo trabalhador “secular, sendo pai, servimos todos ao mesmo Deus. Deus é o denominador comum em todas as áreas, para Ele vivemos.  

terça-feira, junho 25, 2019

Uma teoria

Eu tenho uma teoria. Não é algo confirmado, é apenas empírico, mas é resultado da minha observação diária às famílias e à sua forma de educar os filhos.

Nunca vivemos um tempo em que, como hoje, tenhamos tantas distrações, ofertas de entretenimento, com tanta qualidade e tão eficazes no propósito a que se propõem, entreter.
É muito fácil distraírmo-nos com um sem número de eventos que nada mais fazem do que nos fazer rir e aumentar o nível de adrenalina no nosso sangue.
Gostamos muito destas atividades, porque nos fazem sentir vivos. No entanto, como os nossos corações estão longe de Deus, estas atividades também contribuem para nos afastar ainda mais deste mesmo Deus, porque colocam-nos, a nós, no centro da vida e não ao Senhor.
O que é que isto tem a ver com a educação de filhos? Muito.
Creio que, como pais, pecamos ao não colocar limites nos atividades "extracurriculares" que oferecemos aos nossos filhos. Pode parecer castradora esta minha opinião, e talvez até seja. Acreditamos que ao proporcionar aos nossos filhos todas as experiências possíveis nesta vida, estamos a contribuir para o seu crescimento saudável, informado e completo. A minha teoria é que ao fazermos isto estamos, de facto, a alimentar um coração distante de Deus que não se deleita, naturalmente, com o maior prazer de todos, que é Deus.
Isto acontece porque os nossos corações são doentes (os dos adultos e muito mais os das crianças), e por isso, temos um grande desequilíbrio nos nossos afetos. Não temos, como pecadores, a capacidade de escolher o melhor bem.
O amor a Deus e o deleite na Sua presença á algo que só uma transformação radical, operada pelo Espírito Santo pode conseguir. Tal como o gosto pela boa música, a boa alimentação, e outra coisas desse género, têm que ser aprendidas, o amor a Deus deve ser ensinado e buscado, contrariamente ao que a nossa natureza deseja.
O problema é que, creio que os pais têm encharcado com atividades e estímulos os seus filhos. Com isto, eles alimentam um coração sedento por entretenimento, que é egoísta e que se rege pela ênfase desmedida nos sentimentos. Contribuímos, com isto para que os seus corações se tornem cada vez mais entretidos, mas também mais egoístas. A criança sente, claramente, que quem está no centro é ela própria.
É exatamente isto que o entretenimento faz, coloca-nos num trono, em que tudo gira à nossa volta.
Quando a criança entretida lida com a fé e com os prazeres de Deus, perde a capacidade de se maravilhar com o maior prazer que existe, pura e simplesmente porque não está educada noutro tipo de prazer que não seja um prazer que revolva à sua volta.
Temos criado uma geração incapaz de se maravilhar e de adorar.
Os líderes das atividades cristãs, tentam, na melhor das suas possibilidades, competir com a atração enganosa do mundo. Atividades com jogos, fantoches, imagens, etc. são o melhor que conseguem. Mas esta é uma luta inglória porque o Evangelho e o prazer em Deus não são entretenimento.
Devemos, como igreja, tornar as atividades o mais atrativas e relevantes possíveis, mas não deveríamos ter a expectativa de trazermos mais entretenimento do que as distrações que profissionais, dedicados ao entretenimento conseguem fazer na nossa sociedade. Pura e simplesmente, o entretenimento, por si só, não deve ser o nosso alvo, mas sim Deus.

A ordem Bíblica em Deuteronómio 6 não é para encharcarmos os nossos filhos com todo o tipo de experiências possíveis. A ordem que ali temos é para os enchermos da Palavra de Deus.
Creio que temos pecado em estimular em demasia os nossos filhos com atividades que apenas entretém, que "não têm mal nenhum", mas que, ao mesmo tempo, também não levam os nossos filhos aos pés do Senhor.
Creio que, como pais que querem levar os nossos filhos a temerem o Senhor, temos que os proteger de muitas atividades "inocentes", temos que dizer não a muita coisa que vem à nossa porta, temos que limitar os nossos filhos de muita coisa que apenas vai alimentar o seu egoísmo e a sua sede por entretenimento vazio.
A nossa função é guiá-los para um relacionamento com Deus e ajudá-los a educarem os seus corações para amarem a Deus e assim conhecerem o maior prazer do mundo.
Devemos ensinar que o jogo de futebol não é mais importante do que congregar em igreja, a festa da cidade não é mais importante que o acampamento da igreja, o filme não é mais importante que a leitura da Bíblia nem que a oração ou o culto doméstico.
Por isso, faltar ao jogo, não ir à festa (mesmo que eles esperneiem), desligar a televisão (repito, mesmo que eles esperneiem), podem ser, no futuro, as melhores decisões que tomámos para ajudar os nossos filhos a conhecerem o Senhor.

segunda-feira, junho 24, 2019

Centralidade do Evangelho

Acabei de ler outros dois livros. Um sobre ajudadores, "Lado a Lado" de  Dave Furman e outro sobre parentalidade, "Instruindo o Coração da Criança" Tedd e Margy Tripp.
Estes dois livros, aparentemente desconexos, convergem para uma mesma ideia, a centralidade do Evangelho na nossa vida.
Ao cuidar de pessoas que sofrem, ao aconselhar, acompanhar e conversar, somos tremendamente tentados a colocar o peso da solução na pessoa em si ou até mesmo em nós. Daí que, por vezes, saiam comentários e conselhos que, em vez de animarem o coração da pessoa, apenas a levam para mais um beco sem saída, isto para não falar de momentos em que o resultado é nada menos do que puro desânimo.
Queremos e pensamos que temos de ter todas as respostas na ponta da língua. Queremos ter sempre a palavra "mágica" que vai revolucionar toda a vida da pessoa depois de a ouvir.
Ao fazermos isso, é inevitável cairmos num humanismo barato e por vezes até caro e evoluído, mas não obstante, é sempre humanismo, o homem está no centro.
A solução não está em nós, está sim, na mensagem do Evangelho, na graça de Deus que, mesmo não apresentando uma solução imediata, é a solução efetiva.
Aprendi que muitas vezes o que nos é pedido é apenas sofrer com a pessoa, em silêncio. Não há nada de errado em dizer que não percebemos porque é que está tudo a acontecer. É bom partilharmos a nossa vulnerabilidade de forma clara.
A pessoa que sofre precisa de esperança, mas também precisa de ver valorizado e compreendido no seu sofrimento. O que é que devemos fazer? Apontar para Cristo.
Devemos levar a pessoa que sofre para um Deus de graça que nos ama e que nos dá uma esperança que ultrapassa qualquer circunstância. Lembrar que mesmo na solidão Deus está sempre com a pessoa, e o amor de Deus nunca a abandonará.

Esta centralidade do Evangelho também é primordial na instrução dos nossos filhos. A educação é muito mais um ato contínuo de vida do que apenas momentos esporádicos em que ralhamos com aqueles que Deus nos deu.
Por ser um ato contínuo, educar é uma tarefa dantesca, que só pode ser feita na dependência de Deus.
O Evangelho ocupa o lugar central nesta tarefa porque o maior problema dos nossos filhos, tal como o nosso, não é o seu comportamento, mas o seu coração. Apenas o Evangelho pode transformar o coração.
É importante mostrarmos que somos pecadores como eles, é importante ouvirmos e valorizarmos as suas lutas, é importante vivermos afincadamente o evangelho nas nossas vidas, porque em tudo isto, ensinamos ao coração da criança.
A grande tentação dos pais é condicionar o comportamento sem dar importância ao coração. Mas como é importante que nós pais, despertemos para falar ao coração dos nossos filhos!
Se eles compreenderem que, tal como nós, eles estão num caminho difícil, que envolve muitas batalhas, e que até nós como pais nem sempre as vencemos, a frustração, a revolta e o descrédito pela fé serão diminuídos.
Sabemos que, mesmo educando de forma temente a Deus os nossos filhos, não temos a garantia de que eles serão filhos de Deus, mas essa é a ordem expressa de Deus para os pais que são tementes a Deus.
Não permitamos que seja a escola ou a sociedade a educar os nossos filhos.
Se nós como pais não formos propositados na nossa educação de filhos, garanto-vos que Satanás o é.
Finalmente, o Evangelho ocupa o lugar central na educação, porque a educação é uma forma de discipular as crianças que temos ao nosso cuidado.
A graça que recebemos de Deus, é a graça que devemos demonstrar ao lidarmos com os nossos filhos.

É o Evangelho que deve reger a nossa mente. Ele é central em todas as coisas. É tão fácil, em momentos de provação, de dor, sofrimento, de fraqueza, buscarmos uma solução que nos fortaleça humanamente ou comprove a nossa razão. Em vez disso, sou lembrado que Deus está no controle de todas as coisas, se algo veio à minha vida, foi porque Deus o permitiu, Deus tem um plano.
A minha parte no desafio? Ser-lhe fiel e honrar o Seu Nome.

quarta-feira, junho 19, 2019

Deus não falha


Acabei de ler um livro que trata, do que muitos chamam de “A polémica doutrina da expiação definida”. Não vejo nada polémico nela, e vejo tudo de Bíblico nela.

Mais do que tratar de uma expiação definida para os eleitos, o que cremos é que Jesus salvou todos aqueles por quem morreu. Esta é uma certeza Bíblica que glorifica o poder e soberania de Deus.

Mas pensemos que não teria sido assim. Jesus teria morrido por pessoas que mesmo expiadas iriam para o inferno. Só escrever esta frase, faz-me perceber o quão errado é isto.

Será que Deus teria no Seu plano eleger algumas pessoas (Como de facto tem), mas a obra de Cristo não se submeteria a esse mesmo plano, sendo universalista? Se o Pai não é universalista, então, porque razão seria o Filho?

Volto à primeira questão, porque creio que é pertinente. Se Jesus morreu por todos, então todos estão expiados do seu pecado, e se é assim, ao serem condenados no inferno, não estarão a pagar pelo seu pecado duas vezes? Uma vez que já foi pago?

Por outro lado, se cremos na soberania de Deus, se cremos que tudo o que Ele deseja acontece, se cremos que Jesus cumpriu cabalmente o plano do Pai, e se cremos que Jesus morreu, expiando o pecado de todas as pessoas sem exceção, teremos que continuar honestamente e afirmar uma salvação universalista. Coisa que nem a Bíblia nem a experiência nos comprova como sendo verdade.

Quando penso na expiação, penso na eficácia da morte de Cristo. Lembro-me de Paulo em Romanos 8:29-30. Será que há, sequer alguma margem, para pensarmos que alguém que Deus tenha predestinado, não tenha salvo também? Claro que não. A razão para isto é que Deus está ativamente envolvido em todo o processo de salvação do Seu povo.

Não somos nós que escolhemos a Deus, mas Ele a nós. Esta certeza dá-nos a maravilhosa segurança de que quem tem que ser salvo, será salvo. Mérito nenhum a nós, toda a glória ao Senhor.

Damos glória a Deus porque Ele nos salvou de uma forma tão eficaz, completa e maravilhosa nos salvou. Não há mérito nenhum, nem razão nenhuma aparente para que isso tivesse acontecido connosco, mas aconteceu. E assim acontecerá que todos os que ele predestinou na eternidade, sem excepção.

Damos glória a Deus porque sabemos que o esforço missionário será sempre bem-sucedido. O sucesso de missões não está no nosso trabalho, mas é garantido pela eficácia da cruz e pelo poder do Espírito Santo. Assim o povo de Deus avançará sempre confiante para a evangelização, sabendo é que é “Deus quem opera em vós tanto o querer quanto o realizar.”

O livro que acabei de ler é “Do céu Cristo veio busca-la”, ed. David Gibson & Jonathan Gibson

sexta-feira, junho 14, 2019

A ver se isto funciona para voltar a escrever aqui

Já há muito tempo que sinto que escrevo pouco… "e logo eu, que tenho tanto para dar…"
O mundo não perde nada se eu não escrever.
O problema é pessoal, de indisciplina.
Lembrei-me do meu blogue…
Mas não me lembro da senha. Ao visitar o blogue, vi que havia uma hipótese de escrever um novo post.
Tentei e vim aqui parar.
Agora é só "clicar" em "Publish e ver o que acontece.
Se estás a ler isto é porque deu certo.

quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Raiva

Beeke continua a navegar por águas que ainda não experimentei como pai. ensiar os filhos a lidarem com a raiva.Que tarefa dantesca! Mal lido eu com a minha e agora, ainda por cima, tenho que ensinar algo aos meus filhos que ainda não domino.
Há duas ideias que ficaram mais marcadas. A primeira é que a raiva é um problema do coração, e como tal devemos ler bem o coração dos nossos filhos e não apenas as acções visíveis. Devemos, depois de compreender o coração deles, ensinar-lhes a respeito desse mesmo coração.
Em segundo lugar vem um conceito básico que, ainda assim é quebrado pela maoria dos pais. Não se combate raiva com raiva. Neste segundo ponto percebemos, novamente, o padrão da educação de filhos: Só posso ensinar algo que eu faça. Não é honesto, nem produz bom fruto, pedir aos meus filhos para ultrapassarem coisas que eu ainda não ultrapassei. Desta forma, nunca os conseguirei ajudar nos momentos de deceção e de falha.

quinta-feira, janeiro 29, 2015

Águas profundas

Joel Beeke fala em dois capítulos de assuntos que se revelam na adolescência.
Descobrir a vontade de Deus e lidar com a pressão de grupo.
Eu, como pai, ainda estou incrédulo que os meus pequeninos filhos de 3 e 1 anos, irão ter que lidar. no futuro, com esses problemas. A minha incredulidade, no entanto, não afasta nem um milímetro a ceteza do que irá acontecer.
A maior ajuda que os adolescentes terão, e é uma ajuda obrigatória é a dos pais.
Maldito o pai que se esquece disso, que perdoa todos os exageros com a desculpa da "fase complicada", que não reflete, nem investiga a vida do seu filho adolescente, que não o conhece, ou que, conhecendo, não faz nada.
O que tenho aprendido é que, para eu dar esta ajuda, na adolescência, aos meus filhos, preciso começar mal eles nasçam.
A falha vem, quase sempre, daí. A nossa completa falta de discernimento em relação aos problemas que as crianças enfrentam fazem com que pensemos que não há nada a fazer, não há nada a ensinar, "são coisas de criança". Se não ensinarmos no tempo de criança, o adolescente irromperá com questões e dificuldades tão súbitas que vamos, certamente, pensar que se trata de outra pessoa, não o nosso filho.

Não vou, obviamente, traçar todo o ensino que Beeke nos dá, mas vou partilhar os alicerces que, por mais óbvios que sejam, são de extrema importância.

Sem falarmos no exemplo pessoal que deve ser visto em cada pai, ou seja, os filhos esperam ver em cada pai, obediência ao Senhor inegociável e coragem para fazer o que é certo mesmo que implique prejuízo próprio. A oração (primeiro alicerce) deve ser ensinada desde as idades mais tenras. Os nossos filhos devem aprender que Deus responde de inúmeras formas, principalmente pela Sua Palavra e por conselhos de pessoas tementes ao Senhor. Por isso, devemos ensinar os nossos filhos a cuidarem da forma como escolhem as suas amizades.
A segunda área, é a da prática do estudo da Palavra de Deus. O cultivo do culto doméstico, de conversas que falem do que a Bíblia ensina, de educar com bases no que Deus quer ou não de acordo com as Sagradas Escrituras, devem ser a base para educarmos os nossos filhos a conhecerem a Palavra de Deus e a obedecerem as Suas Palavras. O alvo é que os levemos a estudar a Bíblia por eles mesmos.

 A oração e a Bíblia são, com certeza, os nossos maiores aliados nesta tarefa dantesca de ensinar coisas que até a nós nos custaram a aprender. Em alguns casos, ainda agora, lidamos com lutas no que diz respeito ao que o Senhor quer, ou em arranjar coragem para ir contra o que algum grupo de pessoas nos querem levar a fazer.
Que o Senhor nos ajude.   

segunda-feira, janeiro 26, 2015

Advogado de Jacó

A história de Jacó sempre foi daqueles mistérios insondáveis que vagueiam na minha mente.
No fundo, é quando tento entender assuntos que não são do meu rosário, que se torna ainda mais insondável para mim.
Quando tento entender a razão de Deus ter escolhido Jacó e não Esaú (não tenho nada a ver com isso), ou porque é que Deus, na altura, permitiu o engando, a mentira e a blasfémia de usar o Nome dEle em vão (também não é nada da minha conta), e outras questões como estas que não estão na história da personagem Bíblia em causa como, "Porquê eu?", "porque é que fizeste isto?", "porque é que não ages?", etc.
Quase que arrisco dizer que "porquê" é uma palavra muito arrogante e ofensiva para se usar com o Senhor. Isto, se somos submissos a Ele.

Voltando à história...
Algumas informações importantes:
Primeiro, Esaú tinha, de forma néscia, vendido a sua primogenitura por um guisado de lentilhas. Então porque é que depois ele se "habilita" a receber a bênção do primogénito? Com certeza, quando vendeu a sua condição ao seu irmão, não o disse ao seu pai e (digo eu, não o Senhor) pensava que a coisa podia passar assim mesmo. Não ponderou todas as consequências da sua escolha.

Segundo, parece que as mulheres que Esaú tinha escolhido para si, não eram do povo de Abraão, e isso era mau, como sempre foi, aos olhos de Deus, mas trabalhoso, amargoso e pesado ao espírito dos pais Isaque e Rebeca.
Aposto que parte da razão (a outra parte era por pura, simples e carnal predileção de Rebeca por Jacó) para Rebeca ter maquinado este complô todo, foi por não querer que noras gentias ficassem com a Bênção que era para um povo escolhido.

Terceiro, Jacó está reticente quanto ao que vai fazer para enganar o seu pai. É Rebeca quem o ordena a tal, e até dá o "corpo ao manifesto" se alguma coisa correr mal.

Obviamente que não podemos ilibar Jacó de ter mentido, de ter enganado o irmão pelo seu ponto fraco na altura (a barriga), nem por ter usado o Nome de Deus em vão jurando por Deus. Mas também é verdade que Esaú, provavelmente, já não estaria em boas relações com os pais por causa das suas escolhas matrimoniais, e provavelmente tinha grandes problemas de caráter para vender a primogenitura como vendeu e depois pensar que foi enganado pelo irmão ao não receber a bênçao dessa condição vendida. Para além disso, vemos o caráter de alguém quando, aparentemente, o jogo está perdido. Isaque, depois disto acontecer, abençoa a Jacó e manda-o para outra terra. Esaú, em reação, decide casar-se com outras duas mulheres que também não pertencem ao povo de Deus, apesar de serem filhas de Ismael. Ele decide insistir naquilo que ele sabe que é a maior mágoa dos seus pais em relação a ele.

Peço, portanto, ao tribunal a absolvição de Jacó...

quarta-feira, janeiro 21, 2015

Salmo 18 e 19

Ao ler o Salmo 18 ficamos com a impressão que, ou Davi era um grande gabarolas, ou então era o seu esforço e conquistas que garantiam o seu relacionamento com o Senhor.
Nem uma coisa nem outra. Davi está a louvar ao Senhor, aliás, os Salmos são atos de louvor, em poesia, devocional para Deus.
Os Salmos não são sistemáticos, nem foram escritos para ensinarem de forma organizada Teologia. Antes, são o resultado de orações pessoais dos servos do Senhor.
Os Salmos ajudam-nos a perceber o coração do filho de Deus em tempos de aflição, vitória, incerteza, etc.
O que percebemos é como reagiu o salmista. A inspiração está em que, na fraqueza do escritor, aprendemos a ver Deus em tudo, e a confiar nEle em todas as situações. A inspiração está também em que, nem tudo o que o salmista escreveu, ele percebeu o seu alcance. Ele falou do próprio Messias, e foi citado pelo próprio Jesus, centenas de anos mais tarde.
Quando lemos os Salmos estamos a entrar no coração do servo. Muitas vezes, deveriamos reagir assim ao ler Salmos: "...então é assim que eu deveria lidar com estas situações?", "Se Deus agiu assim com o salmista, Ele pode fazer o mesmo comigo?".

Davi está, nos versos 20 a 27 do salmo 18, aparentemente, a elogiar a sua própria vida, mas, no fundo, ele está é a perceber que há sempre algo que temos a fazer quando servimos a Deus. E isso, ninguém faz por nós.
No entanto, a conclusão a que ele chega é esclarecedora. Nos versos 47 a 50, ele percebe que todo o seu esforço, mesmo que fosse bem sucedido, não valeria de nada, porque é Deus quem dá toda a substância ao que nós chamamos de "nossa parte".
Pensar que o que eu faço tem algum valor, fora de Deus, é uma ridícula sobrevalorização do nada.
Se não fosse assim, o salmista não teria escrito o Salmo seguinte.
"Quem pode entender os próprios erros? Expurga-me Tu dos que me são ocultos. Também da soberba guarda o Teu servo, para que se não assenhoreie de mim; então, serei sincero e ficarei limpo de grande transgressão."
Salmo 20: 12-13

Pergunto, quem é, então, o motor da santidade do salmista? A sinceridade e a pureza estão dependentes de quem? De Davi, ou do Senhor? 

segunda-feira, janeiro 19, 2015

Disciplina na igreja

Em termos de leitura sou uma alma repleta de grassas falhas. Uma delas é ainda não ter lido, até hoje, o livro de Mark Dever, "9 Marcas de uma igreja saudável".

Comecei hoje.
Ele diz: "E se tem de haver o tipo de disciplina que encontramos no Novo Testamento, precisamos conhecer e ser conhecidos uns pelos outros; e temos de ser comprometidos uns com os outros. Também precisamos ter alguma atribuiçao de autoridade" ... "Entender erroneamente estes assuntos, detestar autoridade e ressentir-se dela parece bem próximo do que constituiu a essência da queda."

Ainda só estou no prefácio e já não sei como sintetizar o que acabei de ler.

sexta-feira, janeiro 16, 2015

Domesticar línguas

Já Tiago diz, na sua epístola, que a língua, apesar de pequena, é capaz de grandes coisas.
Aqui, lembro o que li de C.S. Lewis em "Cristianismo puro e simples". Não vou citar, porque não me lembro com exactidão, nem tenho o livro comigo. Mas ele dizia que, a quantidade de bem ou mal que alguém pode fazer a outrém, é equiparada com o poder que possui.
Por exemplo, um animal não consegue trazer um bem ao mundo que o afete globlamente, mas também não um mal. Subindo na "escada"... Talvez uma pessoa normal, povo ou classe média, possa fazer mais ainda, tudo se torna mais claro quando comparamos a influência que esta pessoa tem com a influência que um governante de uma potência mundial tem. Pode fazer muito bem, mas também muito mal.
Assim é a língua. é capaz das melhores coisas, mas também das piores. É difícil de controlar, até por adultos e pessoas tementes ao Senhor, quanto mais por crianças.

Joel Beeke continua, na sua senda à minha vida, de ensinar a ser pai.
Primeiro temos nós que controlar a nossa língua, para depois ensinarmos os outros. Recorrentemente exigimos dos nossos pequeninos um controle que nem nós temos.
A outra coisa que sai como consequêcia disto, tal como vimos no capítulo passado, é que o meu exemplo ensina mais do que quaisquer palavras.
Finalmente, ensinar os nossos filhos a usar a língua da forma mais correta possível. Para falar de Jesus e do Seu amor.
Se queremos filhos que falem bem temos que ser pais que falem melhor. O desafio é primeiro para nós.  

quinta-feira, janeiro 15, 2015

Lucas 11

Este capítulo é bom e grande demais para falar dele todo em apenas um post. Vou falar de uma parte apenas.
O capítulo é grande e bom demais porque o Senhor Jesus fala da oração como sendo a respiração espiritual para o filho de Deus. Devemos pedir e o Pai dar-nos-há o Espírito Santo.
Este capítulo fala sobre o sinal do profeta Jonas. Fala também sobre um convite para uma refeição e um convidado pouco ortodoxo nas suas palavras para quem o convidou.

Fala de espíritos demoníacos.
Quando lemos: Lucas 11: 26,
"Então leva consigo outros sete espíritos piores do que ele; e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro." (devem ler o contexto em que isto é dito.), percebemos que não basta pararmos com algum comportamento pecaminoso, nem basta "arrumarmos a casa" para que sejamos verdadeiramente limpos.
Há decisões que são apenas "lavagens de cara". Pensamos que isso é conversão, mas não é. Obviamente, cada um sabe de si e Deus de todos, mas devemos perceber que, muita "apostasia", como nos fala a Palavra, é exactamente porque (também como nos conta Jesus) o terreno em que caiu a semente não era bom e chegou a dar fruto, ou seja não chegou a acontecer conversão.
O maior drama é que, se apenas "lavarmos a cara", pensando que estamos a seguir a Deus, não estamos.
Quando menos esperarmos, se não buscarmos conversão verdadeira, o demónio volta e volta mais forte, e ficamos piores do que quando estávamos quando a nossa vida estava em "pantanas" o que nos levou pedir socorro a Deus.
Infelizmente,não aproveitámos para deixar Deus entrar, quisemos fazer as coisas pela metade. O resultado é que nada foi feito.

Ensinar a ouvir

Continuo a ler o livro de Joel Beeke “Parenting by God's promisses” e desta vez, ele fala sobre a arte de ouvir.
Ouvir é um exercício de humildade. O que faz com que, as dificuldades naturais que temos em sermos bons ouvintes, apenas provam o quão orgulhosos somos.
Coisas como, ouvir já a pensar na resposta, ouvir pensando apenas na nossa situação ou problema são evidencias clara disto mesmo.

Não fugindo do propósito do capítulo, que é ensinar esta arte aos nossos filhos, fica claro que, primeiro temos nós que apreendê-la. Partindo logo para a segunda lição deste processo, percebemos, por isso, que ensinaremos a ouvir aos nossos filhos de formos exemplo para eles neste assunto.

Acima de tudo, ouvir é importante porque a Bíblia diz, e depois porque abraçamos a Bíblia ouvindo-a.

Finalmente, para além de sermos modelos no que toca a ouvir, há uma série de comportamentos de respeito que devemos aos nossos filhos. Tais como, olhar nos olhos, ouvir com atenção o que eles dizem, para o que fazemos para comunicar.

Enquanto lia este capítulo, num café, ouvia, sem ser de propósito, um pai que se queixava da personalidade da sua filha. “não sei a quem é que ela foi buscar aquele génio...” Custa-nos admitir, mas a resposta a esta indagação é a que menos queremos ouvir, e não queremos ouvir, porque não reconhecemos quem somos e as nossas fraquezas.
Os nosso filhos terão grande tendência de ser o que gostamos se lhes ensinarmos o que gostamos e a forma santa de vive. Nada disto vem naturalmente, vem tudo com esforço, tempo e afinco.

sábado, janeiro 10, 2015

Ensinar

Piedade

De todas as coisas que estamos, como pais, altamente motivados a ensinar aos nossos filhos, com certeza que, piedade não é a mais naturalmente lembrada.
Piedade, soa-nos a ultrapassado, soa a tempo de enfado e sem qualquer atração.

No entanto, se piedade é, "o desenvolvimento de um atitude de mente e alma correta em relação a Deus" como diz Calvino, deixem-me dizer que o ser enfadante ou pouco atrativo, de nada interessa.

Esta é parte da tese de Joel Beeke, A piedade é um valor em si mesmo. Se os pais forem fiéis e ensinarem, com zelo, o que é mesmo importante aos filhos, a seu tempo, Deus dará o fruto pela fidelidade.
Filhos piedosos e tementes ao Senhor.

Mas Beeke ensina que se formos relacionais (por oposição a palestrantes) na partilha destas verdades, a piedade será algo que entrará no coração da criança com grande entusiasmo.
Se, no ensino, cantarmos, conversarmos, deixarmos que sejam feitas perguntas e participações, este pode ser um caminho útil, mas também agradável.

Confissão:

Eu não tenho ensinado piedade aos meus filhos. Sinto-me altamente desafiado a iniciar este caminho.

sexta-feira, janeiro 09, 2015

Parenting by God's promisses

Joel Beeke ensina que os nossos filhos têm que ter a certeza de que, mesmo quando são castigados, o são amorosamente. O conselho de que, o castigo deve ser dado num quarto privado, havendo explicação da sua razão, sem raiva, promovendo o relacionamento posterior e terminando com oração, parece-me muito bem, apesar de desafiante.
O afinco do ensino Bíblico tem que estar presente.
Ele cita o puritano Richard Baxter "Faz com que o cerne do teu esforço na sua educação seja em mostrar a santidade a eles como sendo algo da maior importância, honrável, lucrativo,agradável, delicioso e um bom estado de vida."
Que alvo tremendo para se ter na educação dos filhos.

Joel Beeke enfatiza por todo o livro que mesmo sendo os melhores pais, mesmo que cumpramos todos os requisitos, só Deus pode mudar os corações e transformar os nossos filhos em filhos de Deus.

Tenhamos fé em Deus, fazendo o nosso melhor para cumprir o mandato que o Senhor nos deu.

Filhos de Abraão

"Saibas, decerto, que peregrina será a tua semente em terra que não é sua;"
Génesis 15: 13a

Somos, portanto, semente de Abraão.

Lucas 9

Herodes pensava que uma decapitação era suficiente para interromper qualquer tipo de movimento que incomodasse a sua ímpia rotina de vida, que tinha sido, há tão pouco tempo, reconquistada. Enganou-se.

Em relação a todas as comunidades que se chamam cristãs e que são satânicas, há uma vontade, em mim, carnal, de banir tudo, de ser juíz, de impedir todos de fazer o que fazem. Não sei como, mas lá que há essa vontade, há.
Jesus ensina que quem é contra Ele, faça o que fizer, será sempre contra Ele e, quem é por Ele, faça o que fizer, será sempre por Ele. Parece que o que Jesus está a dizer é que ninguém precisa provar nada, nem demonstrar, porque o que é, é.
Deixa-os lá estar, apenas faz o teu trabalho, disse-me o Senhor.

quarta-feira, janeiro 08, 2014

Três coisas

Primeiro: Já não escrevo há muito tempo. Isso faz-me mal a mim e a vós bem.
Segundo: Luto com a constante tentação de fazer apenas o mínimos expectáveis.
Terceiro: O culto, mundano, da personalidade tem feito voltar os "heróis humanos" que fazem tudo bem e são dotados em inúmeras áreas. Pensando bem, muito disso é "fogo de vista", mas lá atraente é. Tenho que mortificar a minha mente neste desejo (obviamente, fico-me mesmo pelo mero desejo) também.

segunda-feira, junho 03, 2013

Uma questão que me assalta



À medida que leio um livro acerca de oração, sou incomodado, constantemente, por uma questão acerca da vida cristã.
Porque é que vivo como devo viver? O que é que faz com que eu deva ser obediente? O que é que me leva a ser alguém de oração? O que é que me motiva a ter fé, vontade de estar com Deus, fazer boas obras?

Vejo claramente que duas pessoas podem exibir o mesmo comportamento de “bom cristão”, e nem por isso, ambos estarem em paz com Deus.

Os meios não nos levam ao fim.
A oração não é uma forma de eu conseguir algo.
A obediência não me torna mais espiritual.
A confiança não me faz aproximar de Deus.

Primeiro, Deus oferece-nos o fim. Deus, em Cristo, justifica-nos, anulando o poder do pecado obre nós. Esta acção de Deus sobre nós permite a nossa comunhão com Deus. Tudo isto é oferecido por Deus a nós. Depois, a oração, a fé, a confiança, a obediência, e outras boas obras são, acto de adoração e gratidão pelo que Deus nos fez. Mas creio que o ensino Bíblico vai ainda mais longe, nenhuma destas obras ou disciplinas, ou relacionamentos com Deus (como as quiserem chamar), são obra nossa. Deus age em nós levando-nos a crescer em cada uma delas.

Sendo assim, a oração acontece porque Deus colocou em mim um desejo de O conhecer e, por isso, busco-O. A obediência acontece porque Deus colocou em mim um amor tal por Ele que o meu maior anseio é obedecer e fazer a Sua vontade.
A pergunta que surge imediatamente, então, é, “porque é que uns oram mais do que outros, uns são mais obedientes do que outros?”

Creio que a reposta pode ser dada, pelo menos, de duas formas:
Em primeiro lugar, acredito que muitos membros de igrejas que reputamos por serem salvos, porque certo dia levantaram a mão a um apelo, não são salvos. Muita gente nas igrejas é religiosa, aficionada, interessada, curiosa, mas não convertida. Em segundo lugar, é ensino Bíblico que é possível crescermos na fé e no compromisso com o Senhor. Se é possível crescer, entende-se que hajam uns mais “infantis” do que outros.
A grande questão que tenho em relação a estes casos, é que parece que a largíssima maioria da membresia das igrejas é espiritualmente infantil, e não faz nada em relação a isso.
A questão, como tinha dito anteriormente é: Será que o cristão, realmente convertido, não quer crescer?

quinta-feira, maio 09, 2013

Estabilidade

Cheguei à ilha do Faial, Açores há, pouco mais de, três meses. Mudámos a nossa vida, porque decidimos aceitar um convite para pastorear a Igreja Baptista da Horta, a única cidade da ilha.
Nestes três meses, já muita coisa aconteceu, entre elas, duas mudanças de casa.
Para quem me conhece, sabe que, mudanças é do que menos gosto. Sinto-me completamente "fora de água" quando vivo aquelas semanas de transição, perco qualquer rotina que tenha construído, pareço perdido, desconfortável, "na lua", etc.
O meu anseio é conseguir uma rotina que englobe fazer exercício, estudar, pastorear, tempo com a família, e descanso, de forma regular. A isto chamo de estabilidade.

Receio que esteja a depender demais deste meu anseio, em vez de fazer o que tem que ser feito em qualquer circunstância.
Receio que esteja a pôr a minha estabilidade nas circunstâncias, em vez de no Senhor.
Receio que, na minha linha de profissão, servindo ao Deus que sirvo, e vivendo a vida que vivo, estabilidade, como a defini anteriormente, seja uma ilusão.

sexta-feira, abril 19, 2013

O Apóstolo

"Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso e fiéis em Cristo Jesus: a vós graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo,"
Efésios 1: 1-2



Uma introdução a uma carta é sempre algo revelador. Ali vemos se a pessoas têm intimidade, que tipo de pessoa é que escreve, que tipo de pessoa recebe, se são familiares, se são familiares que se dão bem, se é uma relação “politicamente correta apenas, etc.
Quando há grande familiaridade, basta um “querido fulano” para se começar a carta. Não são necessárias palavras “caras”, nem formatações específicas, nem carimbos, nem outras coisas assim, para que se valide a carta.
Quando não a há, então, são outros os procedimentos. Até existem minutas para servirem de orientação na composição dessas cartas. A formatação, os termos, os prefixos, os sufixos, são todos imprescindíveis e sem eles a carta, poderá nem ser lida.
Nesta introdução vemos muito do que Paulo é. Vemos não o só o que Paulo é mas também vemos o que Paulo é em relação aos leitores da sua carta. Também vemos, nesta introdução, o que é que a igreja deve ser. E finalmente, vemos, nesta introdução, que sentimentos devemos ter para com os outros.

Paulo chamava-se apóstolo. Apóstolo significa “enviado”. Aliás, noutras cartas, para Paulo, é importante argumentar claramente acerca da sua autoridade apostólica.
Isto significa que Paulo era alguém enviado por outrem. Não tinha sido a sua vontade que o tinha levado até ali, antes, ele tinha sido mandado para ir.
Mas não é o apostolado de Paulo que me chama atenção. Porque podemos alegar que não somos apóstolos, há até quem creia que os apóstolos foram só os que viveram no Novo Testamento, os que viram, pessoalmente, o Senhor Jesus.
O que me chama atenção, mais do que saber que Paulo abdica da sua própria vontade para conduzir a sua vida, é a pessoa a quem ele entregou este caminho.
O que fazemos, onde trabalhamos, onde vivemos é a vontade de quem?
O que Paulo nos diz é que, ele era quem era, porque Deus quis que ele fosse quem fosse. Ele tinha abdicado da sua vontade, para a entregar a Deus.
Nós alegamos as mais variadas razões para sermos como somos. Alegamos a nossa personalidade, traumas, doenças, culpa dos pais, educação, terra onde vivemos, etc.
Mas raramente dizemos que somos assim porque Deus quis.
Aprendemos com Paulo a sermos o que Deus quer que sejamos. Aprendemos a matar a nossa vontade e os nossos planos para que sejam os planos de Deus a vingar. A nossa opinião é posta em segundo plano para que seja a do Senhor a vingar.

quinta-feira, abril 11, 2013

A autoridade



"Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos,  mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras. A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, na caridade e na santificação. "
I Timóteo 2:9-15


Existe, constantemente, uma reacção negativa, por parte de alguns que não crêem na liderança do homem no lar e também dos que crêem que a consagração ao pastorado feminino é da vontade de Deus (poderão ser pessoas que crêem em ambos ou que apenas crêem em um destes items), que – ia dizendo – o ensino accerca da liderança do homem é um ensino de inferioridade para a mulher.

Creio que não existe inferência mais equivocada possível. Aliás, esta conclusão só pode ter quem ou tem uma ideia errada acerca da imagem de Deus, ou acerca da liderança como está ensinada na Bíblia.

Obviamente, não serei extensivo na apresentação de textos Bíblicos, porque muitos se repetem na mesma ideia, e porque não quero tornar este artigo grande demais.

Em Génesis 1 lemos acerca da criação do homem e da mulher. No versículo 27 lemos que ambos foram criados à imagem de Deus. Logo, ambos são, desde a criação, portadores da imagem de Deus. Ambos têm a mesma importância, ambos devem reflectir o Senhor Deus, de alguma forma, no plano que cada um recebeu do Criador.
Este último ponto é de grande importância.
Imagem de Deus (que portamos) não significa só que temos espírito, razão, nem que somos dominadores da terra, mas também significa que, no homem, na mulher e na relação entre eles, deve-se reflectir o próprio Deus.
Deus é comunidade. Pai, Filho e Espírito. O Pai enviou o Filho e o Filho obedeceu ao Pai (Mateus 10:40, João 3:16, João 4: 34), Jesus enviou o Espírito e o Espírito fala do que Jesus ensinou (João 14:16, 26). Estes textos falam de parte do relacionamento que existe na Trindade.
Foi à imagem deste Deus que fomos criados. Curiosamente uma marca da imagem de Deus no homem é a família, o sermos seres relacionais e a igreja, que por sua vez é o corpo de Cristo.
De que forma é a Trindade tem alguma implicação na forma como vivemos a vida?
A vida deve ser uma imagem da Trindade.
Por isso entende-se a liderança na família e a liderança na igreja.
O ensino Bíblico acerca da liderança vem na sua génese da Trindade.
Apesar de haver, como nos indicaram os textos Bíblicos acima, liderança e submissão na Trindade, não há, porque a Bíblia não ensina assim, superioridade nem inferioridade de nenhuma daquelas pessoas.
Logo, a liderança Bíblica não é uma posição de superioridade, antes, é uma função. Mas sejamos claros, ela existe e é claramente ensinada pela Palavra.

Por vezes a falha de interpretação vem com a má leitura da crítica que Jesus faz em Mateus 20: 25. Note-se que ele não está a abolir a liderança, antes está a definir essa mesma liderança. Quando diz: “entre vós não será assim.” Não está a dizer que não haverá líder, mas que a liderança entre nós não será com é no mundo.
Cremos que deve haver liderança na igreja e que essa liderança deve exercer autoridade, mas é o Senhor quem tem autoridade (Mateus 7: 29; 9: 6; Marcos 13:34; Romanos 13:1-3). A autoridade, então, é delegada por Deus ao líder/ Pastor/ Bispo/ Presbítero (escolham a denominação que mais voz apraz).

Se não houvesse liderança, ou se a liderança não usasse autoridade, como seria a igreja? Quem é que admoestava, disciplinava, ensinava? Toda a igreja? Crentes maduros e imaturos? Idóneos e néscios?
Não podemos crer na demagogia de uma igreja que tem toda a pretensa “maturidade” para tratar dos seus acefalamente, nem numa revelação comunitária dirigida a um corpo composto por membros espirituais, carnais e até perdidos. Nem nós, nem o Senhor acredita nisso. Por isso é que Ele designou a liderança à Sua igreja.

O ensino que temos, por outro lado, e como já se disse, é que a liderança não deve ser como é no mundo. A saber, imposta, forçada, autoritativa, sem ser exemplar.
Em I Tessalonicenses 3: 7-10 a autoridade era assumida por Paulo. Ele tinha autoridade, mas a diferença é o tipo de liderança que Deus quer que tenhamos. Uma liderança de exemplo.
Textos como, Tito 1:5- 11; Actos 20: 28- 31 e I Timóteo 5:17, não deixam qualquer margem de dúvida para que percebamos duas coisas.
Havia liderança na igreja e a liderança da igreja exercia autoridade. No entanto, não há sítio nenhum em que sejamos levados a crer que os líderes eram superiores aos restantes cristãos.

Em forma de conclusão, Deus designou liderança na família, e liderança na igreja. Ambas são imagens dEle próprio.
O homem é quem tem sobre os ombros esta função. O homem é o líder no lar (Efésios 5 22-31, Colossenses 3: 18- 19, I Pedro 3: 1-7). E como não poderia deixar de ser, porque é claro na Palavra (I Timóteo 2: 9-15, I Coríntios 14, Tito 2: 1-5), mas porque é um caminho lógico, o homem também tem esse ministério na igreja.

Nada disto, significa que o homem seja superior à mulher, quer sim dizer que é diferente da mulher.
E a diferença entre ambos é que, no fundo, é a razão disto tudo. Se fossem ambos iguais, porque é que Deus tinha criado homem e mulher? Só para procriação? Quais são as diferenças entre ambos?

quinta-feira, abril 04, 2013

Parece que no post anterior tive problemas no processamento do texto. As nossas mais sinceras desculpas.

O contexto



"Quero, do mesmo modo, que as mulheres se ataviem com traje decoroso, com modéstia e sobriedade, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos custosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras. A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão. Pois não permito que a mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão; salvar-se-á, todavia, dando à luz filhos, se permanecer com sobriedade na fé, no amor e na santificação."                       
I Timóteo 2: 9- 15

A mais comum interpretação a este texto é que ele era destinado a uma circunstância cultural específica. Ou seja, este ensino era destinado aquela igreja naquela altura, porque haviam falsas profetas, então, na igreja a mulher não deveria ensinar. Esta explicação parece-me fraca, apesar de ser confortável, e por vezes até bem defendida. Melhor do que eu, com certeza, defenderei a minha causa.
Primeiro problema 
Imaginemos, então que sim, este ensino era cultural e o critério era: se há falsos mestres mulheres, as mulheres não devem ensinar na igreja.Não seria de esperar que os homens também não ensinassem? Sempre houve falsos mestres, falsos profetas masculinos e nem por isso a Palavra, em alguma altura, se refere a que o homem não ensine.
Segundo problema
Continuando a "ir à bola" com a ideia de que é cultural...Estamos a dizer, então, que na nossa cultura não existem falsas profetizas, nem falsas professoras.                                                                                                           Estão a falar a sério?
Terceiro problema
Não creio que seja um ensino cultural. O contexto imediato do texto que citámos acima fala da oração de devemos a todas as classes de pessoas. A "reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda a piedade e honestidade." O cristianismo estava "nas mãos" do povo, e facilmente poder-se-ia tornar uma crença elitista, excluindo os poderosos. 
Em alguns círculos, ainda hoje, existe uma tendência para marginalizar os mais ricos ou mais poderosos. A fé também é para os poderosos e ricos e autoridades, e por eles também devemos orar.
Não é este, no entanto, o ponto que quero salientar. 
O que quero é perguntar: qual foi o critério para dizer que até ao versículo 8 do capítulo 2 não é cultural e do versículo 9 em frente é cultural?
Entramos, assim num caminho muito perigoso quando interpretamos desta forma a Bíblia.
Não nego que a interpretação que proponho também não apresente dificuldades. Apresenta certamente. Mas toda a Bíblia é Bíblia, e toda ela a Palavra de Deus. Sendo pastor de uma igreja, que por diversas razões, ainda não vive plenamente em obediência a estas instruções, sinto temor para que, pelo poder do Espírito Santo, de forma mansa e com toda a igreja na compreensão do perfeito plano de Deus, possamos, dia-a-dia caminhar rumo ao que o Senhor tem designado para a Sua igreja.
Uma coisa é certa, não será por força, nem será por imposição. Deus fará o trabalho.
Finalmente, espero conseguir ir explanando outros aspectos do texto acima apresentado, para, desta forma, também eu contribuir para a discussão deste tema.

sexta-feira, março 29, 2013

O pagamento

Confesso que ainda não consegui voltar a escrever organizadamente. Até que ponto isso é fruto da nossa adaptação na nova terra, ou então pura preguiça, não sei.
Admiro, no entanto, aqueles que conseguem manter um ritmo constante de escrita.
Para uma pessoa como eu, tudo que é trabalho gradual, constante, vagaroso, "maratonoso", é um enorme desafio, mas ao mesmo tempo, um grande sonho a alcançar.
Não tenho conseguido...

Mas nesta época, não vos venho falar dos meus falhanços. Antes, quero tentar expressar o que Deus tem clareado na minha mente acerta da época que vivemos.

Nos meus tempos de jovem imberbe, sempre que pensava na crucificação, ficava num impasse.
Se Deus é o Senhor de tudo, Se Ele não tem que responder a ninguém e se Ele quer salvar a sua criação, porque é que teve que existir a cruz? Ainda maior a dificuldade quando se ensina que foi Ele próprio quem foi à cruz. Pensava nisso com temor... mas, ocasionalmente, parecia-me um "espectáculo" montado para mim (sendo que mim refere-se a Deus). Um acto que, na minha mente, não tinha obrigatoriedade de existir, e Deus fá-lo, porque, ensina-no a Bíblia, o preço do pecado tinha que ser pago. Mas quem exige esse preço é o próprio Deus.
É pouco provável que nestas linhas tenha conseguido exprimir o que, de facto, pairava no meu coração.

Deus começou a explicar-me o sentido da cruz. E eu passei a amá-lO mais.
A cruz foi essencial e imprescindível para a nossa reconciliação com o Senhor porque a nossa ofensa a Deus não foi uma ofensa metafórica. Quando a Bíblia ensina que "todos pecamos", Ela quer dizer que, todos traímos o Senhor, desobedecemos, afastámo-nos dEle e perdemos a comunhão com Ele.
Nada disto é linguagem figurativa, nada disto é "faz de conta". Ou seja há uma dívida real, palpável do homem para com Deus. Temos que levar o nosso pecado mais a sério.

A segunda lição que aprendi é que, Deus quer resolver este assunto.
"Então porque é que Ele não "passa por cima" disto tudo e fica resolvido?"
Pela mesma razão que qualquer coisa que é oferecida a alguém tem um custo. Mesmo que seja um rebuçado. Se eu ofereço um rebuçado a uma criança, o rebuçado não foi de graça... foi de graça para a criança, mas eu tive que pagá-lo.
Se assim é para coisas insignificantes, muito mais terá que ser para o que diz respeito à alma, à eternidade, ao relacionamento com Deus.
Para sermos perdoados por Deus, alguém tem que assumir a gravidade do nosso pecado. Primeiro, porque nós ofendemos, de facto, a Deus. E em segundo lugar porque Deus é justo, e a justiça de Deus tem que ser levada a sério.
Sendo assim, das duas uma, ou não somos perdoados e pagamos o castigo do nosso pecado, ou somos perdoados porque alguém pagou o castigo do nosso pecado. Mas no fim das contas, o castigo tem que ser pago por alguém.

Por isso é que a cruz teve que existir. Só pensa que não há razão para a cruz quem, ou não percebeu ainda a gravidade da ofensa que cometeu contra Jesus, ou então não sabe o que é justiça verdadeira.

O Evangelho entra aqui. Eu amo mais a Deus porque Deus me permitiu perceber o que vou dizer a seguir.
É que para pagar o preço do nosso pecado, que Deus exigia para que pudéssemos voltar a ter comunhão com Ele, foi o próprio Deus quem se ofereceu para resgatar o ofensor.

A cruz foi imprescindível, imerecida, mas também a razão pela qual cada vez mais amo o meu Senhor.

quarta-feira, dezembro 05, 2012

Não há meio termo...

R.C.Ryle vem contestar a ideia, comum, que há no seio de algumas igrejas, membros de igreja, interessados pelo Evangelho, etc..
A ideia é que existem três tipos de pessoas: não convertidos, convertidos e participantes de uma vida superior.
Em outras palavras, podemos dizer que, a ideia geral é que, entre os convertidos, se creia que existem convertidos pouco comprometidos e convertidos muito comprometidos com o Senhor.

"A Palavra de Deus apenas fala de duas categorias na humanidade. Fala dos vivos e dos mortos no pecado." 
R.C. Ryle

A falácia deste conceito é que somos levados a pensar que podemos ser cristãos sem entregar tudo a Deus. Não podemos!
É certo que nem todos são vocacionados para os mesmos ministérios, nem todos tocarão no mesmo número de pessoas, nem todos serão conhecidos, na história, como servos de Deus, e cada um tem a sua própria caminhada de santificação.
Mas nessa mesma caminhada, com o conhecimento que temos de Deus, temos que dar sempre tudo o que temos ao Senhor. O Espírito Santo que habita no verdadeiro cristão, impele-o a isso mesmo.
Podemos, quando muito, viver temporadas em pecado, longe do Senhor, mas voltaremos.
E durante essa temporada nunca teremos paz. Se temos, ou se nunca voltarmos, então é porque nunca fomos filhos de Deus.

quinta-feira, novembro 29, 2012

Ainda sobre a Graça...

Mas desta vez ligando-a um pouco mais com o pecado.
Ainda penso na forma como lidamos com a Graça de Deus.
Se por um lado ela é algo que nos é agradável, porque é uma oferta, porque não é algo que se tenha que conquistar, por outro lado, eu tenho em mim uma sede de conquista e de merecimento à qual a Graça de Deus é incompatível. J.I. Packer sublinha isto muito bem.
Aceitar a Graça é perceber a minha pecaminosidade, a minha miséria, é chegar à conclusão de que estou irremediavelmente condenado, sem luz ao fundo do túnel. Nesta situação, o pecador anseia por algo que o socorra, por uma luz ao fundo do túnel, por uma mão que o tire do lamaçal. Esse algo é a Graça de Deus.

Notem que, se o pecador não perceber a sua miséria, se pensar que até é uma boa pessoa, que está no bom caminho, que busca a Deus (Por vezes pensa que é só questão de tempos para O encontrar), a Graça de Deus não é desejada nem necessitada (ainda que não de forma assumida) porque não é necessária, pensa o sujeito.
Se acho que não me é necessária a Graça de Deus, então não a recebo, não sou agraciado por Deus, que faz com que, também, tampouco serei gracioso com as outras pessoas.

Creio que esta é uma das catástrofes do nosso tempo. Estamos cheios de pessoas religiosas que pensam que são "boas pessoas", mas que não se colocaram nas mãos de Deus para receberem da Sua Graça e Misericórdia. Logo são pessoas que, por não terem sido afectadas por tamanho perdão, também não perdoam, também não são graciosas nem misericordiosas, antes, tendem a ser altamente julgadoras da ética do próximo. Isto não é cristianismo, nem fé, nem igreja. Para sermos Igreja Cristã temos que ter sido pecadores miseráveis, sem remédio, e que, de forma sobrenatural, tenhamos sido atingidos pela imerecida Graça e misericórdia de Deus.

R.C. Ryle, por outro lado, ensina que, vemos desta forma a importância da Graça de Deus. Pela gravidade do nosso pecado. O hábito que temos de minorar a ofensa a Deus, quando pensamos que o tempo vai curar, que Deus não ficou assim tão ofendido, só tem um efeito: Rejeitarmos a Graça de Deus, porque não achamos que estamos assim em tão maus lençóis.

A contrição, o arrependimento, o choro pelo nosso pecado, são, por isso, as melhores coisas que Deus nos pode ter dado, porque são elas que nos levam à Sua maravilhosa Graça.   

terça-feira, novembro 27, 2012

Graça

Continuo a ler o livro que vos citei da última vez. Sou um leitor muito lento, pouco perspicaz, com má memória, mas com boa intenção (noto algum paternalismo de mim para mim). Este livro ainda vai render algumas semanas.
J .I. Packer vem falar do mau relacionamento que temos com a prática da Graça de Deus nas nossas vidas.
Eu julgaria, à primeira vista, que fosse ao contrário. Tudo o que nos aproxima a um relacionamento com Deus seria o favor que Ele nos concede. Receber esse favor é algo agradável...
Mas ele explica e eu passo a concordar.
Se nos atrai algum tipo de favor que Deus (devia escrever em minúsculas, já percebem porquê) tem para connosco, não é a Sua Graça. porque a Graça só é Graça se formos confrontados com o nosso pecado e a nossa miséria. Se não é a graça, então, também o favor que, pensamos, nos está a ser oferecido, não vem de Deus, vem, antes de deus (algum deus criado, idolo, para nosso prazer)

O nosso quase nulo relacionamento com a Graça de Deus é entendido porque pensamos de forma alta demais em relação a nós. São quatro as áreas que J. I. Packer sublinha:

1- "A maldade moral do homem."
Nós não somos bonzinhos. A realidade é que não prestamos para nada. somos maus.

2- "A justiça retribuidora de Deus."
Deus é justo e não "deixa passar" o pecado. Ele castiga, e repreende justamente quem peca. Logo, todos somos dignos de grave penalidade, o inferno.

3- "A impotência espiritual do homem."
O homem não pode fazer nada para alterar esta situação.

4- "A liberdade soberana de Deus."
Deus não tem obrigação nenhuma em fazer o que quer que seja por nós.

Perceber a Graça de Deus passa por perceber isto intimamente e depois entender que mesmo assim, miseráveis impotentes e perdidos, Deus decidiu salvar-nos.
"A Graça de Deus é o amor livremente demonstrado para com pecadores culpados, contrariamente ao seu mérito e, de facto, num verdadeiro desafio à sua falta de mérito."

sábado, novembro 24, 2012

Pôs-me a pensar...

Preciso recomeçar a escrever aqui. Tenho reparado que exteriorizar o que leio ajuda-me a aprender.
Motivo egoísta, portanto.
Mas também posso dizer que é para partilhar o que leio, abençoar outros e outras coisas assim. Creio que isso virá depois.

Citei num outro lugar J.I Packer quando diz: "Deus era feliz sem o homem, antes de o ter criado; teria continuado a ser feliz, se simplesmente destruísse o homem logo que este pecou; mas a verdade é que Ele dedicou o Seu amor a pecadores em partilular...".
Mas a citação não está completa, não sei se repararam nas reticências. 
Ele continua: "...e isto significa que por Sua própria e livre escolha, não conhecerá felicidade perfeita a absoluta, de novo, até que o tenha levado a todos o céu." "Deste modo Deus salva não só para Sua glória mas para Sua alegria." Lucas 15:10

Penso nestas afirmações porque parecem ser daquelas que, humanamente fazem sentido, mas não se coadunam com a natureza de Deus.

A primeira questão que me surge, não sendo ela parte do cerne do que estou a pensar é, quando ele fala em Deus levar todos ao céu, fala de quê? Quem são todos?
A Bíblia é clara em dizer que nem todos se salvam. Deus predestinou os que se hão de salvar, elegeu-os antes da fundação do mundo. 
Não podemos, por outro lado, advogar que Deus nunca terá alegria completa enquanto todos os pecadores não se salvarem, isso queria dizer que Deus seria incompletamente feliz por toda a eternidade. Creio sim, que Deus vai salvar todo aquele que predestinou e  com a salvação de cada pecador há grande alegria.

Creio que Deus não tem falta em aspecto nenhum de alegria. não há nada que esteja em falta na pessoa da Deus. Ele não precisa de complemento exterior, absolutamente nenhum para ter alegria perfeita. Por outro lado, Deus não é impassível nem indiferente à salvação do pecadores. Isso é o que lemos no texto bíblico mostrado acima, Lucas 15: 10. Ele salva o pecador, Ele tem grande gozo com a salvação de cada alma, por isso, também e compreende que o Seu gozo seja manifesto pela salvação dos pecadores.

Finalmente, Deus vive na eternidade. Creio que Ele já nos contempla glorificados. para ele a comsumação de todas as coisas já está à sua frente porque na eternidade não há tempo. Nem antes nem depois. por isso a Sua alegria é sempre constante e absoluta porque já está tudo consumando. desta forma também se percebe que "haja alegria no céus por cada pecador que e arrepende".